Na mesa temos os Mesa
6 de fevereiro de 2006

Com a insistência das rádios portuguesas em passar êxitos internacionais do tempo da Maria Cachucha, é natural que a nova música portuguesa, por muita qualidade que possa ter, está à partida praticamente condenada a uma travessia pelo deserto.
Curiosamente, existem alguns grupos portugueses cujo mérito é reconhecido além fronteiras e que contrariaram a tendência de que o que se faz em Portugal é mau. Temos muitos exemplos no género da world music, mas da área do pop, sobretudo cantado em português, é muito raro ou mesmo inexistente até terem aparecido os Mesa.
Os Mesa formaram-se em 2000 e três anos depois lançaram o seu primeiro trabalho de originais com título homónimo. Embora não se reflectisse num “boom” de vendas, em Portugal o seu talento foi reconhecido pelo público com um Globo de Ouro da SIC, na categoria de Melhor Grupo do Ano, e pela Antena 3, que considerou o álbum o Melhor Disco de 2003.
Mas os sons dos Mesa foram mais longe e chegaram aos ouvidos de Emmanuel Legrand, nem mais nem menos que o editor-chefe da revista Billboard, que classificou o álbum em nono lugar nas suas preferências de 2004, em conjunto com o álbum Cinema de Rodrigo Leão, classificado em segundo na lista.
As músicas e letras do álbum de estreia eram maioritariamente da responsabilidade do líder do grupo, João Pedro Coimbra, e teve reedição que contou com a colaboração vocal de Rui Reininho no tema Luz Vaga e à qual acrescentaram três novos temas, contabilizando no total umas escassas 5 mil cópias vendidas.
Em 2005 os Mesa voltaram ao estúdio para nos trazer uma Vitamina de 11 temas, em Arrefece, o primeiro single, teve uma excelente aceitação nas rádios, tal como Vício de Ti, o segundo single, que é literalmente viciante.

Nesta Vitamina a voz sensual de Mónica Ferraz passa a aliar-se a uma componente mais electrónica, que não era tão notória no primeiro álbum. Com um treino inicial do jazz é com bastante facilidade com que Mónica Ferraz consegue transformar a voz de tema para tema, criando um álbum bastante heterogéneo, que vai acompanha desde o ritmo melancólico ao mais frenético, traçando uma nova linha para a pop portuguesa no início desta década.
É notória em Vitamina a tentativa do grupo portuense se distanciar do anterior registo, assinalando uma consciência de que este novo trabalho estava a ser aguardado com alguma expectativa pela crítica. E ao que parece não decepcionaram.
Além dos dois singles já editados o meu destaque vai para Nova Calma e Deixa Cair o Inverno. Saliente-se a excelente produção musical deste álbum, bastante vísivel por exemplo no tema Vitamina, e facto de existirem algumas semelhanças rítmicas com os Clã nos temas Tele-Chuva e Dó Nut.
Mesa – Vitamina [2005]
(Nota: 8/10)
1. Fado Lunar (****)
2. Arrefece (*****)
3. Tele-Chuva (***)
4. Dó Nut (***)
5. Nova Calma (****)
6. Lobo ao Luar (***)
7. Vício de Ti (*****)
8. Vitamina (****)
9. Deixa Cair o Inverno (****)
10. En Garde (***)
11. Soro da Verdade (***)
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