Um mar e um céu

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Kate Bush, uma das divas da música britânica que parecia ter-se dissipado, regressa aos discos 12 anos depois de The Red Shoes, o seu último álbum, editado em 1993. Esta pausa bastante prolongada deu espaço a que outros artistas explorassem um ambiente musical do qual Kate Bush foi percursora, como foi o caso de Tori Amos, que se caracteriza por composições que apresentam uma intersecção entre o lirismo e o universo da música pop.

Aerial é o título deste novo trabalho de Kate Bush, o oitavo da sua longa carreira de 27 anos, e está divido em dois discos intitulados A Sea of Honey e A Sky of Honey. A ansiedade com que era aguardado o seu retorno fez com o disco entrasse directamente para n.º3 da tabela de vendas britânica e para n.º2 no Top Europeu. Os Brit Awards não deixaram passar o momento em branco e concederam-lhe este ano uma nomeação para a categoria de melhor voz feminina britânica, mas foi vencida pela emergente KT Tunstall.

A caminhada para a concretização deste disco também foi prolongada e teve início em 1999. Esta maturação prendeu-se com a vontade de Kate Bush dedicar mais tempo à família, nomeadamente ao seu filho Bertie, nascido em 1998, que dá título ao terceiro tema do primeiro disco, com uma sonoridade medieval e com a letra da música a expressar desejos de “sweet kisses, sweet wishes”.
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Kate Bush contou na produção de Aerial com a participação de vários músicos da vertente clássica, arranjos musicais de Michael Kamen em 2 temas e a colaboração London Metropolitan Orchestra. Estes ingredientes fazem antever um álbum bastante clássico, mas na realidade ele explora também novas sonoridades numa harmonia que é transversal a todos os temas, num compêndio de quase hora e meia de música.

O primeiro single deste álbum intitula-se King of the Mountain e também teve uma boa aceitação pelo público, especialmente o britânico. No entanto, nenhum dos temas do álbum parece ter a força para garantir um single de sucesso como os do passado, casos de Babooshka ou Running Up That Hill (A Deal With God).

Aerial é um álbum bastante completo e coeso, apesar de também ser um aspecto experimentalista. Nele há um verdadeiro apelo à sensibilidade e ao despertar dos sentidos do seu ouvinte. O registo da voz de Kate Bush continua perfeito e cristalino, fundindo-se facilmente num solo com piano ou numa complexa orquestração de instrumentos e coro.

Agora todos aguardam que este regresso em disco também traga um regresso aos palcos, para que Kate Bush recrie a magia deste álbum ao vivo.

Os meus destaques vão para Joanni, uma ode dedicada a Joana d’Arc; Sunset, com ritmos latinos e vozes masculinas nos coros a lembrar o flamenco; e por último Bertie.

Kate Bush – Aerial (2005)
(Nota: 8/10)

Disc: 1 - A Sea of Honey
1. King of the Mountain (****)
2. Pi (****)
3. Bertie (****)
4. Mrs. Bartolozzi (****)
5. How to Be Invisible (****)
6. Joanni (****)
7. A Coral Room (***)

Disc: 2 - A Sky of Honey
1. Prelude (prelúdio)
2. Prologue (***)
3. An Architect's Dream (***)
4. Painter's Link (interlúdio)
5. Sunset (****)
6. Aerial Tal (interlúdio)
7. Somewhere in Between (****)
8. Nocturn (****)
9. Aerial (****)

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Publicada porLuy  

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