O Casamento (Part II)
30 de dezembro de 2009
Estive reticente em partilhar o diálogo que se segue, sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo, que decorreu num jantar de família que tive no dia 25 de Dezembro, sobretudo porque as pessoas esclarecidas sabem que este assunto está a ser tratado com leviandade e oportunismo por parte do Governo e dos media, sem que sejam verdadeiramente defendidos os interesses e sentimentos das pessoas a quem este assunto diz particularmente respeito.
Este é apenas um resumo das barbaridades que foram ditas durante a acesa discussão. A velocidade com que barbaridades saíam era enorme e não deu para reproduzi-las todas, mas acho que esta amostra é suficiente.
O tema do debate foi lançado por um primo e as intervenções foram apenas dele, do irmão e minhas.
A certa altura da discussão:
Eu: A igreja não tem que se pronunciar em relação aos casamentos entre pessoas do mesmo sexo porque o que está em casa é o casamento civil e não o casamento religioso.
J: Aí é que e te enganas! A igreja deve pronunciar-se porque o nosso Estado é católico e o Governo deve aceitar a opinião da igreja.
Eu: Desculpa!?! Se não sabias, devias saber que o Estado português é laico. É o que diz a constituição.
J: Tu é que estás enganado. Então porque é que só se ensina a religião católica nas escolas?
V: Eu sou cristão e acho que o casamento gay rompe com os valores da família. (fala uma pessoa que é divorciado e vive com outra pessoa que julgo estar divorciada ou que apenas está separada)
Eu: Mas desde quando é que tu és cristão? És católico? Tu nunca vais à missa!
V: Pois não, mas sou baptizado, por isso sou cristão.
Eu: E acreditas em Deus?
V: Não sei.
Depois a conversa também entrou na adopção e saiu esta relíquia:
J: Então o que é pior: ter um pai pedófilo ou ter um pai pedófilo gay?
V: Eu li na internet uma coisa que uma pessoa escreveu, e que é verdade, que dizia que a homossexualidade dantes era considerado uma doença, depois passou a ser aceite e qualquer dia é obrigatório.
Acho questão que se impõe é: Será que este país ainda tem remédio? Ainda está a tempo de recuperar os 50 anos de atraso que leva do resto da Europa? Eu julgo que não. O problema é mesmo genético. Tal como a homossexualidade.
Antes gayolla que grunho...
Realmente ouve-se com cada uma...!
Desde a desculpa de que o país neste momento de crise devia-se preocupar com outros assuntos mais urgentes; passando pelo desdém pelas pessoas homossexuais; pela incompreensão dos afectos e dos direitos humanos; pela pressão da existência de um referendo inexplicável e tendencioso; e, acima de tudo, o medo pelo desconhecido que em nada muda a vida de quem não quer; a ignorância encapuçada e conveniente. São constantes em todos os estratos na sociedade portuguesa. Triste.
É por causa de mentes retrógradas como essas que este país nunca há-de evoluír. Parece que ainda vivemos no tempo da outra senhora.
Sem comentários.
Realmente é incrível o preconceito que ainda existe. E sim, a igreja nada tem que se meter porque as pessoas não se vão casar pela igreja.
Pior é que quem é contra exige um referendo porque já sabe que o povo se vai opor.
Se houvesse um referendo eu ia votar sim, e sem medo de o admitir, porque tanto hetero como homossexuais têm de ter os mesmos direitos.
abraço