Dogville



Há poucas semanas tive a oportunidade de ver o filme “Dogville”, realizado por Lars Von Trier e com Nicole Kidman no papel principal. Mais uma vez fiquei impressionado com o trabalho deste realizador dinamarquês, acusado de ser anti-americano, com a particularidade nunca ter pisado naquele país, mas que inspirar-se nas imagens dos Estados Unidos que chegam até si para construir os argumentos dos seus filmes.
Para além de “Dogville”, já tinha assistido a “Ondas de Paixão” e “Dancer in the Dark” e, apesar de achar que são todos muito bons, não faço intenção de os ver uma segunda vez. Tudo porque os filmes de Lars Von Trier apresentam histórias com uma carga emotiva muito forte, nas quais o cinismo, a injustiça, a hipocrisia humanas são presenças constantes, deixando-me numa revolta interna quando terminam.
“Dogville” é um excelente espelho de qualquer uma comunidade, mas que também serve de metáfora para as relações numa esfera menor, como um casal ou um grupo de amigos.
O filme possui um formato inovador, em que 17 personagens circulam num cenário muito similar a um palco de teatro. A quase inexistência de adereços deixa aos actores toda a responsabilidade de prenderem o público à acção. Confesso que no início estava com algumas dúvidas que isso seria conseguido comigo. Mas enganei-me!
São três horas de um filme de uma crueza admirável, que pode levar muitas pessoas a uma reflexão sobre as relações humanas e à análise da sua própria conduta, mas que, com certeza, não mudará mentalidades. Muitos, depois verem o filme, manter-se-ão na ignorância, aceitando uma condição humana que nos nossos dia caminha para a degradação extrema, quando podemos sempre fazer melhor. Podemos sempre fazer melhor por nós e pelos outros.
Contudo, o filme tem um final macabro, mas que confesso ser aquele que eu desejava, apesar de saber que não era eticamente/moralmente correcto. Mas o real é mesmo pouco eticamente/moralmente correcto.
Fiquei ansioso por assistir às outras duas partes que Lars Von Trier prometeu realizar, dando continuidade à história da personagem principal.

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Publicada porLuy  

1 comentários:

Anónimo disse... 18/02/05, 16:41  

Pois é, imagina, eu também tenho esse DVD!!!! Só não o encontro há imenso tempo :pppp

Consegui entranhar-me completamente neste filme e a Nicole mostra mais uma vez que se tornou uma grande actriz (lá vão os tempos de filmes menores e mais 'mainstream').

Há muitos filmes que também me despertam esse incómodo k dizes sentir e k me impedem de visualizar novamente os filmes, este é um deles. O estalo de luva branca no fim arrebatou-me completamente.

Bjos, Luy :)

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