Olhem para nóses que queremos xer prejidente

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Depois do que vi ontem no último debate relativo às presidenciais, na RTP1, entre o ex-ministro Cavaco Silva e o ex-presidente e ex ministro Mário Soares, não podia de deixar de dedicar ao tema umas linhas de apreciação.

Confesso que de início julgava que Cavaco Silva seria o candidato melhor posicionado para substituir a apatia e inércia que se vive na Presidência da República nos dias de hoje. Jorge Sampaio teve uma grande dificuldade em apagar da memória dos portugueses o Presidente Soares e acabou por fazê-lo apenas com o tempo e não pelas suas acções.

Julguei que Cavaco Silva poderia regenerar o país criando forças dinâmicas, mas já me elucidou sobre a estratégia pouco válida em que participa, e apesar de dia após dia vai perdendo a máscara, mas que provavelmente se vai aguentar até ao desfecho das eleições.

A economia do país está uma desgraça e Cavaco está a ser apresentado como o salvador da pátria por ser um economista. Pois bem, primeiro ele não é o supra-sumo da economia do mundo, nem sequer do país, segundo, ele não vai ser primeiro-ministro para governar o país, pois essa era uma tarefa que já teve a seu cargo e não surtiu grandes efeitos.

Ontem, no debate, apesar da arrogância de Soares, que se julga o dono da razão, uma coisa é certa, com as suas grandiosas 81 primaveras levou Cavaco ao tapete inúmeras vezes. Não é preciso fazer uma análise à lupa para verificar que houve circunstância em que Cavaco Silva nem percebeu a pergunta dos jornalistas, e estes, talvez por delicadeza e apesar de terem repetido segunda vez, deixavam que ele falasse para as paredes. E não, ele não estava a desviar a conversa, é mesmo ignorante, nem falar português sabe. Falha sistematicamente as concordâncias dos sujeitos!

De facto, na altura em que Cavaco foi primeiro-ministro eu era apenas um jovem a caminho da universidade, preocupado e revoltado com a PGA, mas a minha participação nessas manifestações era já um sintoma de que me apercebia que algo estava mal no sistema. O tempo quase que me apagava essas memórias, mas só até ontem.

Fiquei seriamente preocupado pelo país. Neste momento não sei em quem votar, porque as outras alternativas também não são convincentes. Mário Soares, apesar de todas as minhas dúvidas iniciais acerca da sua idade, arrogância e petulância, revelou-se o mais capaz, demonstrando neste debate que Cavaco Silva é uma farsa e não sabe as atribuições de um Presidente da República, apenas deseja no final dizer “eu é que xou o Pregidente da Junta”. No entanto, também é certo e sabido que Soares já cometeu muitos erros no passado, que lhe retiram a total virtuosidade que apregoa. Por exemplo, recentemente, utilizou a sua notoriedade para “empurrar” o filho João Soares para a Presidência da Câmara de Sintra. Por essas e por outras razões menos brilhantes é que os comentadores políticos e a esmagadora massa crítica portuguesa lhe está a tirar o tapete.

Enfim, esperemos pelos próximos capítulos...

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Publicada porLuy  

6 comentários:

vivencias disse... 21/12/05, 15:34  

Pois eu sou um fervoroso apoiante de Mário Soares, acredito sinceramente que não há duas sem três e que vamos voltar a ter um grande Presidente da Républica.
De resto com Socrates no comando do Governo, com Soares como Presidente e algum juízo dos portugueses Portugal chega lá.

Luy disse... 21/12/05, 17:13  

Ainda bem que há alguém tão optimista.
Só não esclareceste uma coisa, dizes que "Portugal chega lá", espero que não te estejas a referir ao fundo do poço. :P

Anónimo disse... 23/12/05, 11:43  

Ainda não decidi o meu voto, mas uma certeza eu tenho: Cavaco não quero!

Xuac

Anónimo disse... 23/12/05, 13:50  

Pois, como tu haverá muita gente que não dará cavaco ao Cavaco.

E tava cá eu a reflectir com os meus botões que o Mário Soares perdeu a sua imagem de marca: as bochecas! A idade apagou-as! Isso também deve influenciar nos votos. Agora só já lá vai com um siliconezito.

Sérgio disse... 01/01/06, 16:12  

Eu voto no Manuel Alegre. Não nego que ele tem falhado nos debates, mas ter um presidente poeta e de esquerda é algo bastante romântico.

Soares não, Cavaco nunca!
Jerónimo Sousa é de fugir.
Francisco Louçã ainda está verde para presidente. Prefiro tê-lo como político da oposição. Funciona como uma espécie de "Pro-Teste" versão política.

Anónimo disse... 02/01/06, 13:05  

Também acho que "ter um presidente poeta e de esquerda é algo bastante romântico", mas não é assim que tem sido o Jorge Sampaio (embora para mim até seja mais um falso romântico) e não nos tem levado a lado algo... só à desgraça.

E concordo plenamente com a observação a respeito do Francisco Louçã. :p

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