Who’s next...?



É revoltante assistir ao aproveitamento e exploração dos sentimentos das pessoas por parte da comunicação social, principalmente porque não temos qualquer margem de manobra para desencadear um processo eficaz de contestação.

Naturalmente que não me insurjo contra a utilização de todos aqueles que, por vontade própria, decidem participar em “Big Brothers”, na ânsia de entrarem no mundo do estrelato durante meia dúzia de dias. Durante esse período vêm a sua vida privada devassada, para logo regressarem à categoria de “Zé Ninguém”, mas, saliente-se, com uma nova categoria – a de maníaco-depressivo. Mas quando o alvo são pessoas indefesas, que não estão conscientes de serem vítimas de uma manipulação, o caso muda de figura.

E faço esta breve introdução para me reportar a um caso específico – o do miúdo de 10 anos, moçambicano, a quem mutilaram o pénis, tendo recentemente uma equipa de médicos portugueses reconstituído o órgão da criança.

Não ponho de parte a necessidade de se divulgar uma notícia desta natureza. Mas será assim tão importante fazer uma entrevista com a criança, que mal sabe falar português, juntamente com o seu pai, em directo e num telejornal nacional? Julgo que não. E quem tivesse a preocupação no cumprimento do código deontológico do jornalismo e de obedecer a princípios éticos, também não o faria.

Ora, estes não são com certeza os requisitos que cumpre a nossa “jornalista” Manela “Bouca” Guedes para realizar entrevistas. E, tendo em conta que tem um cargo de chefia na informação da TVI, suponho que não terá realizado a entrevista contra a sua vontade.

Quem tem bom senso de certeza que assistiu a momento constrangedor. A perguntas foram muito impróprias e de mau gosto, para além das estúpidas observações da Manela! Uma das que me recordo foi “agora já tás como novo!?”

Ainda perguntou à criança qual era o seu desejo naquele momento, ao que a resposta foi “ter uma casa de alvenaria”. A nossa Manelinha, que já sofre de problemas auditivos “repetiu” – “Ah, uma casa com lavandaria”. Esta interpretação da Manelinha é muito óbvia. A psicologia e os estudos sociológicos explicam tudo.

Segundo a pirâmide de Maslow, nós avançamos na “pirâmide das necessidades” à medida que vamos satisfazendo as necessidades mais elementares ou primárias. Neste caso, para a Manelinha, que até sofre com os injustiçados e oprimidos, mas que não vive nem de perto nem de longe as suas dificuldades, uma casa de alvenaria é uma coisa banal. Para a senhora a necessidade naquele momento era mesmo ter uma lavandaria. Suponho que tal necessidade se prenda com o facto da TVI haver sempre toneladas de “roupa suja” para lavar.

Venham mais destas... que é disso que o povão gosta... casos Bobbit em Portugal.
Não acham que a Manelinha podia ser a nossa Loretta Bobbit?
Moniz… põe-te a pau… ou melhor dizendo… salvaguarda o pau…

PS - Na foto podemos observar a multidão de pessoas que se encaminhou para aTVI logo a seguir à entrevista. Foram procurar ajuda para uma operaçãoque lhes acabe com um pesadelo que carregam todo o dia num carrinho de mão. Isto sim é serviço púbico.

XuaC

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Publicada porLuy  

3 comentários:

Anónimo disse... 03/03/05, 23:08  

ahahahaha

Já li e adorei, como sempre, o k li... os comentários ficam para mais tarde...

PS- Quem te manda a ti, ver o Jornal Nacional???? Jornal 2 é, tal como a SIC-Notícias, a referência ;)

*Xuac*

Luy disse... 04/03/05, 17:40  

Peço desculpa, mas as sugestões para que mude de canal são muito do género "isso não é comigo".

Eu também não costumo ver o telejornal da TVI, mas não é por deixar de ver que outros seguem o meu exemplo.

Como digo no texto "é revoltante assistir ao aproveitamento e exploração dos sentimentos das pessoas por parte da comunicação social", sobretudo das indefesas. É necessário esclarecer que há dois tipos de exploração: a praticada sobre o entrevistado e a praticada sobre o telespectador.

Eu acredito que quando adultos, e principalmente crianças, passam inúmeras horas frente à televisão, esta deve ter um papel educativo e não destrutivo, sobretudo quando essa destruição atinge a integridade e dignidade humana. Que é isso que acontece todos os dias.

Anónimo disse... 04/03/05, 18:14  

Penso k nos deveremos afastar o mais possível dessas fontes de mau ambiente social.

Percebo o k queres dizer, Luy, mas tb posso afirmar k consegui excluir-me quase na totalidade desse tipo de mau jornalismo e de puro e simples mau gosto profissional pq acredito k estes acabam por influenciar-nos sempre, por menos k os vejamos...

Já basta qdo sou apanhado desprevinido, agora ir à boca do lobo é k eu não vou!!!!

*Xuac*

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