O Homem - Um Ser Egoísta

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O motor principal e fundamental no homem, bem como nos animais, é o egoísmo, ou seja, o impulso à existência e ao bem-estar. [...] Na verdade, tanto nos animais quanto nos seres humanos, o egoísmo chega a ser idêntico, pois em ambos une-se perfeitamente ao seu âmago e à sua essência.
Desse modo, todas as acções dos homens e dos animais surgem, em regra, do egoísmo, e a ele também se atribui sempre a tentativa de explicar uma determinada acção. Nas suas acções baseia-se também, em geral, o cálculo de todos os meios pelos quais procura-se dirigir os seres humanos a um objectivo. Por natureza, o egoísmo é ilimitado: o homem quer conservar a sua existência utilizando qualquer meio ao seu alcance, quer ficar totalmente livre das dores que também incluem a falta e a privação, quer a maior quantidade possível de bem-estar e todo o prazer de que for capaz, e chega até mesmo a tentar desenvolver em si mesmo, quando possível, novas capacidades de deleite. Tudo o que se opõe ao ímpeto do seu egoísmo provoca o seu mau humor, a sua ira e o seu ódio: ele tentará aniquilá-lo como a um inimigo. Quer possivelmente desfrutar de tudo e possuir tudo; mas, como isso é impossível, quer, pelo menos, dominar tudo: 'Tudo para mim e nada para os outros' é o seu lema. O egoísmo é gigantesco: ele rege o mundo.

Arthur Schopenhauer, in 'A Arte de Insultar'

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Publicada porLuy  

1 comentários:

Anónimo disse... 20/05/05, 12:26  

"O Pedro sorriu pela forma como a Luísa se expressou. Ela corou.
- Se for amor que esse maluquinho sente por ti e se isso for correspondido por ti, então vais gostar. O amor é o maior e o melhor defeito que o ser humano tem e sente. É o melhor, pois pode realmente preenchê-lo de felicidade, e é o maior, pois é um grande ponto-fraco no seu eu interior, o seu ego, é muito sensível e egoísta! Egoísta!
A Luísa, rendida ao discurso irreal do colega, brincava com a colher e o copo do gelado. Por vezes observava as pessoas na praia ou o extenso mar, mas nunca os olhos do Pedro. Se, por um lado, a sua ideia permanecia firme, por outro, pensava que o discurso que ouvia, apesar de extremo, estava, de certa forma, correcto. Mas será que, devido à sua densidade impensável, tal ideal de amor e do seu egoísmo pode ser aplicado à vida humana? Será que na realidade tudo o que fazemos baseia-se num apontado defeito chamado egoísmo? Seremos na verdade assim? Assim tão horríveis? Porque não? Talvez seja isso mesmo. Ou talvez não. Seremos sinceros ao ajudar alguém? Sentiremos bondade e seremos bondosos? Saberemos nós dar, pura e simplesmente dar? Quando se ajuda alguém, ou seja, quando se dá, porque se espera um ‘obrigado’? Porquê? Estaremos mesmo a dar? O que sente a mãe por um filho? Se o filho não lhe der, será a mãe realmente feliz? Sentir-se-á feliz na sua bondade? Será ela realmente feliz com a sua não-resposta? Quando estiver sozinha em casa, deitada na vazia cama às escuras, sentir-se-á feliz? Quando o filho a ignora, o que pensa ela? Felicidade? Solidão? Egoísmo? Não sei. Quando uma mãe dá ao filho um presente, porque espera um beijo? Será egoísmo? Quando a nossa própria mãe nos deu um presente na nossa infância, quereríamos realmente beijá-la? E por que o fizemos? Temeríamos algo? Receberíamos novamente um presente daquela forma se não a beijássemos? O que sentíamos? Seria felicidade? Seria bondade? Ou seria egoísmo? Não sei. Seria amor? Qual será o sentimento por trás do amor e de tudo? Aquele que nos mantém vivos. Será bondade? Será o quê? Sentido de sobrevivência, talvez. E isso exprime-se pelo quê?
Pensar e concluir não é linear nem exacto quando os nossos nobres sentimentos nos influenciam. O pensamento vai e vem e a conclusão escapa-nos. É preciso ter coragem. É essencial ser-se prudente. É fundamental saber parar a tempo. Stop."

in 'Carpe Diem, ou a generalização da estupidez'.

Bjo.

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