O Marquês de Pombal (re)construiu a Baixa de Lisboa depois do Terramoto de 1755, uma obra que encheu de orgulho os portugueses e que ainda se mantém como referência na arquitectura portuguesa. Hoje, 252 anos depois, o orgulho português resume-se a um túnel construído por capricho do Santana Lopes, que acabou por não tirar qualquer proveito da sua construção porque, enquanto andou a saltar de poleiro em poleiro, outros se aviaram primeiro.

Embora tenham sido momentos hilariantes, foi ao mesmo tempo com tristeza com que assisti à inauguração patega que o verdadeiro Zé Povinho fez do túnel. Foram cerca de 12 mil os que atravessaram a pé, num espaço de meia hora, o dito túnel. Uns foram mesmo a correr, porque queriam ser os primeiros a chegar ao outro lado! Foi comovente assistir ao desespero e indignação de um senhor, por estar a fazer a travessia sem que houvesse um guia que lhe explicasse aquilo que estava a ver, como ele dizia “eu não sei o que é isto, devia estar aqui alguém para me explicar”. Uma situação de nos fazer partir o coração em mil pedaços, não é? Devia antes ter aproveitado o tempo para ir visitar um museu que lhe explicasse os verdadeiros feitos dos portugueses. Algo que talvez nunca tenha feito, e nunca virá a fazer, na sua vida.

Por estes singelos momentos podemos aperceber-nos de que o Portugal das grandes descobertas encolheu e transformou-se num Portugal dos Pequeninos.