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Return to the Origins

Os britânicos Goldfrapp, formados por Alison Goldfrapp e Will Gregory, este ano estão de regresso com o seu 5º álbum de originais, em 10 anos de carreira, intitulado Head First.

Muito conotados com um estilo electrónico, os Goldfrapp variam entre a música ambiente e downtempo e a música dança e o glam rock. Neste Head First a linha orientadora foi sobretudo a música dança, alternando entre o pop mais melódico, em temas como Head First ou Dreaming, e um pop electrizante e ácido, em Shiny And Warm e Believer, com os sintetizadores a debitarem uma multiplicidade de sons, uns mais familiares que outros.

Alison Goldfrapp, que dizem ter mau feitio, é sem dúvida a imagem do grupo. A cada disco Alison Goldfrapp explora um novo visual, que vai ao encontro da sonoridade do novo trabalho. Neste Head First, a sua imagem e o ambiente criado para os vídeos seguem uma onda futurista/espacial, mas que ao mesmo tempo parece ser propositadamente um pouco pink kitch, remetendo-nos para os anos 80 e forma como a ficção científica nos era apresentada cinematograficamente nesse período.
O ambiente visual deste novo álbum vem contrastar com o anterior Seventh Tree (2008), que era por assim dizer, muito foral e campestre, contrastando igualmente ao nível musical, uma vez a música ambiente dominava como estilo. Na minha opinião, Seventh Tree foi o pior álbum da carreira do Goldfrapp, salvando-se apenas com os temas Happiness, A&E e Caravan girl, aliás, todos lançados como single.

Em Head First as alternativas para single são muitas, e o primeiro foi Rocket, promovido com um vídeo irónico, no qual Alison Goldfrapp despacha o namorado num foguetão (rocket), tal como nos conta na letra da música. O segundo single é o tema Alive, apresentado há cerca de 2 semanas, mas as minhas apostas iriam para Dreaming e I Wanna Life. Contudo, o álbum relativamente pequeno, contendo apenas 9 temas, e a última faixa uma espécie de instrumental, assemelhando-se mais a um EP. Os Goldfrapp já entraram em digressão para promover este álbum e Portugal tem até ao momento 2 datas na agenda, com uma apresentação a 15 de Julho no Festival Marés Vivas, em Vila Nova de Gaia, e a 22 de Setembro no Coliseu de Lisboa, possivelmente num concerto mais intimista.

Com Head First é de esperar um concerto bastante animado, talvez a recuperar temas dos álbuns Black Cherry (2003) e Supernature (2005), que estão mais mais próximos musicalmente deste.

Goldfrapp – Head First [2010]
(Nota: 8/10)


1. Rocket (****)
2. Believer (**)
3.
Alive (***)
4. Dreaming (****)
5. Head First (****)
6. Hunt (***)
7. Shiny And Warm (***)
8. I Wanna Life (****)
9. Voicething (**)

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Sade, 10 Years Later

A nigeneriana Sade Adu, cujo nome verdadeiro é Helen Folasade Adu, regressou este ano ao mundo da música com o álbum Soldier of Love. Sade viveu a maior parte da sua vida nas Ilhas Britânicas e, no início dos anos 80 Sade, integrou a banda Pride como elemento do coro. No ano de 1983 destacou-se e assinou um contrato com uma editora, levando consigo três elementos dos Pride - Stuart Matthewman, Andrew Hale e Paul Denman – e formou a sua banda Sade.

O primeiro álbum, Diamond Life (1984), vendeu 50 milhões de cópias, tornando-a a artista do Reino Unido mais bem sucedida de sempre. Até ao ano 2000 editou mais quatro álbuns: Promise (1985), Stronger Than Pride (1988), Love Deluxe (1992) e Lovers Rock (2000). O interregno de 10 anos criou bastante expectativa sobre o que nos poderia apresentar Sade neste novo milénio. Inúmeros temas tinham tatuado a marca Sade no mundo da música, como Smooth Operator, The Sweetest Taboo, No Ordinary Love ou Cherish the Day, e o público estava ansioso por voltar a assistir à criação de mais clássicos da cantora.
Soldier of Love, o tema que dá título ao álbum, é a primeira amostra deste trabalho e evidencia que Sade não alterou um milímetro na sua linha musical, com a soul, o jazz, o R&B e o soft rock a marcarem as tendências. A sensação ao ouvirmos todo o álbum é de que não passou qualquer tempo desde o seu disco anterior. Não parece revelar-se uma nova Sade, mas também não se perderam as suas qualidades. A sua música continua a ser única, embora eu não vislumbre nestes novos temas um com força para se tornar em mais um clássico na carreira de Sade.

Todo o lirismo do álbum está relacionado com título do álbum, como se Sade tivesse transportado para este disco todas as energias, sensações e emoções que viveu no campo amoroso nesta última década. Contudo, a mesma temática, interpretada musicalmente num tom melancólico, já vinha dos trabalhos anteriores de Sade.

Soldier of Love é sem dúvida a canção mais comercial do álbum, destacando-se da carga melancólica da maioria das outras músicas, alternadas por Babyfather ou Bring Me Home, que são outros dois temas que dão alguma animação ao álbum. As músicas são extremamente orgânicas, com a voz quente de Sade, aliada à dos coros, a fazer uma perfeita fusão de sons.
Na totalidade, o álbum é uma boa banda sonora para este Verão, até porque os seus ritmos são quentes, mas com aquela temperatura de pôr-do-sol. Por outro lado, também não é um disco para se ouvir sem repetição, pois facilmente cai no enjoo.

Sade - Soldier of Love [2010]
(Nota: 7/10)


1. The Moon and The Sky (****)
2. Soldier of Love (****)
3. Morning Bird (***)
4. Babyfather (****)
5. Long Hard Road (***)
6. Be That Easy (***)
7. Bring Me Home (***)
8. In Another Time (***)
9. Skin (***)
10. The Safest Place (****)

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Kelis: Flesh Tone


Kelis Rogers nasceu em Nova Iorque há 30 anos, filha de pai músico e mãe criadora de moda, desde cedo que Kelis deu nas vistas. Com o seu álbum de estreia, Kaleidoscope [1999], o mundo viu nascer um hino à dor e à revolta pessoal com Caught Out There.  A mim chamou-me antes esta brilhante canção envolvida por um também brilhante vídeo, Get Along With You:

Kelis desde sempre que tem seguido as suas ideias e motivações, independentemente daquilo que possam esperar dela. E foi com este espírito que logo ao segundo trabalho, Wanderland [2001], viu o seu projecto não ser apoiado por nenhuma editora norte-americana, sendo apenas lançado na Europa, Ásia e América Latina. 

Dois anos depois lançou o seu terceiro álbum internacionalmente, Tasty [2003],  e apesar das vendas nunca terem atingido as do primeiro projecto, Kelis conseguiu retirar deste trabalho uma das canções mais populares desse Verão, Trick Me:


Com Kelis Was Here [2006] a passar quase despercebido pelos mercados mundiais, a carreira de Kelis entrou num impasse e talvez seja isso que justifique a maior paragem desde o início da sua carreira, quatro anos. E se a variedade musical sempre foi uma constante no seu trabalho, existiu sempre uma linha condutora com forte inspiração no R'n'B.

E é assim que finalmente chegamos a Flesh Tones. Lançado agora mundialmente através de uma nova editora e quebrando com toda a lógica associada a Kelis, ela transforma-se numa rainha da disco. Com fortes inspirações na pop/disco do fim da década de 1970 é impossível não rever um pouco de Madonna e o seu igualmente inspirado Confessions On A Dancefloor. A maioria das canções foi gravada enquanto Kelis se encontrava grávida e as palavras do disco espelham na plenitude essa influencia na sua vida.



O primeiro single de apresentação, Acapella, assim é:


Seguindo a lógica de um álbum sem paragens, com os ritmos imparáveis e outro's inspirados, Kelis oferece-nos um dos melhores projectos para ser devorado neste Verão. E fá-lo como se tivesse sempre sido este o seu elemento.


 Kelis: Flesh Tone [2010]
(Nota: 9/10) 

"Intro" - *****
"22nd Century" - *****
"4th of July (Fireworks)" - *****
"Home" - ****
"Acapella" - *****
"Scream" - ***
"Emancipate" - *****
"Brave" - *****
"Song for the Baby" - ****

*xuac*

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Keane: Night Train LP


Parece uma nova moda no altamente volátil mundo da música, o lançamento de EPs (Extended Play), depois de Lady Gaga ou Robyn, chega agora um projecto semelhante por parte da banda britânica Keane: Night Train.

Servindo de compasso entre Perfect Symmetry e o próximo álbum, Night Train foi gravado nos intervalos da digressão que promoveu precisamente o álbum anterior. Este é o primeiro single de apresentação, Stop For A Minute, com K'naan:



Esta não é certamente a minha canção favorita do álbum, como muitas vezes acontece com a escolha dos singles por parte das editoras. Mas este projecto traz algumas surpresas, porque apesar de encontrarmos as melodias clássicas da banda, a verdade é que esta experimenta algumas sonoridades até hoje pouco exploradas em projectos seus, nomeadamente influencias africanas e nipónicas. Sem nunca perder rumo, este EP mostra-se sólido e servirá de manutenção de uma banda até que o próximo álbum surja, provavelmente em 2011.

Keane: Night Train [2010]
(Nota: 8/10) 

1.House Lights - ****
2.Back in Time - *****
3.Stop for a Minute(feat K'naan) - ****
4.Clear Skies - ***
5.Ishin Denshin (You've Got to Help Yourself)(feat Tigarah) - *****
6.Your Love - ****
7.Looking Back(feat K'naan) - ****
8.My Shadow - *****

*xuac*

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Congratulate 4 What?

Os MGMT fizeram furor em 2008 com o seu primeiro álbum Oracular Spectacular, tendo os críticos depositado neles a esperança de que uma nova onda musical estava a surgir nos EUA, mais propriamente na Big Apple, em Nova Iorque, cidade que estava quase adormecida no que se refere à sua influência musical no mundo, desde o fim dos anos 80.

Se no primeiro álbum, como eu descrevi na crítica que fiz aqui no blog, os MGMT se destacavam por “uma sonoridade inovadora, mas ao mesmo tempo a rivalizar com os sons mais sombrios da pop experimentalista do ambiente alucinogénico dos clubes de Nova Iorque dos anos 70”, no seu novo álbum, Congratulations, os MGMT levam essa experiência ao seu expoente máximo, sem isso queira dizer que vão no bom caminho.

Os membros da banda, Ben Goldwasser e Andrew VanWyngarden, contaram com a colaboração de Matthew Asti, James Richardson e Will Berman na criação deste álbum, que são os músicos que os têm acompanhado nas suas digressões. O disco foi gravado em Malibu no verão de 2009 e as últimas remisturas foram concluídas em Janeiro de 2010. Ainda antes do lançamento do álbum os MGMT apresentaram 3 novas canções - Congratulations, It's Working e Song for Dan Treacy - nos últimos concertos.

Ainda um pouco atordoados pelo sucesso que Oracular Spectacular lhes trouxe, os MGMT quiseram concentrar-se de novo na música. Como não queriam repetir a receita do primeiro disco, em Congratulations a banda seguiu por um percurso que não era propriamente o que tinha como final chegar a um produto musical de massas.

No início o grupo nem estava a considerar a comercialização do álbum, que pretendia disponibilizar em download gratuito na sua página web, mas onde apenas esteve em escuta. Os MGMT também não pretendiam lançar qualquer tema em single, porque consideravam que este álbum não tinha sido idealizado para se desmembrado em canções individuais, ainda mais quando o grupo nem tinha muitas certezas se as rádios quereriam passar os novos temas.

Contudo, como a não comercialização do álbum só fazia sentido nas suas cabeças, Congratulations foi editado em suporte físico e chegou ao 2º lugar do top dos EUA e ao 4º do Reino Unido, superando definitivamente Oracular Spectacular. Entretanto, também foram editados em singles Flash Delirium e Siberian Breaks, e estão agendados mais dois - It's Working e Congratulations -, retirados de um disco com apenas 9 temas no total.

Quanto ao conteúdo musical do álbum propriamente, os MGMT foram ao baú dos anos 60 resgatar o rock psicadélico. A sonoridade é demasiado soturna, atingido o seu apogeu com o arrepiante tema Lady Dada's Nightmare. Definitivamente, não compreendo a que se deve o sucesso de vendas deste álbum, tendo acolhido também contínuos elogios da crítica. Oracular Spectacular era um disco alternativo, mas Congratulations é simplesmente hiper-alternativo, e para ser ouvido e gozado na sua plenitude a sessão necessita de ser complementada com substâncias psicotrópicas.

MGMT – Congratulations [2010]
(Nota: 5/10)

1. It's Working (***)
2. Song for Dan Treacy (**)
3. Someone's Missing (***)
4. Flash Delirium (***)
5. I Found a Whistle (***)
6. Siberian Breaks (**)
7. Brian Eno (**)
8. Lady Dada's Nightmare (*)
9. Congratulations" (****)

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No Snow, Pure Sound

Miike Snow é uma banda Sueca de indie pop misturado com uma boa dose de pop electrónico. A formação surgiu da associação do americano Andrew Wyatt com a dupla de músicos/produtores suecos Christian Karlsson e Pontus Winnberg, que são mais conhecidos pela etiqueta Bloodshy & Avant e que já trabalharam sob este nome para Kylie Minogue, Kelis, Britney Spears ou Madonna.

Christian Karlsson e Pontus Winnberg são amigos de infância, fase da vida que passaram em Gotemburgo, e vieram a juntar esforços na área musical em Estocolmo com o músico americano Andrew Wyatt. A intenção da banda era apenas a de fazer música sem qualquer interesse meramente comercial, tanto que não tinham planeado fazer uma digressão para apresentação deste primeiro trabalho.

Contudo, a notoriedade que o projecto tem alcançado, um pouco por todo o mundo, levou a banda a planear um conjunto de concertos nos EUA, onde actuaram no famoso Festival Coachella, e Europa. A divulgação do trabalho dos Miike Snow deveu-se sobretudo ao facto de alguns temas do álbum terem feito parte da banda sonora das séries televisivas Gossip Girl e The Buried Life da MTV.

O auto-intitulado álbum dos Miike Snow foi editado em Outubro de 2009, e primeiro single extraído foi o do tema Animal. Posteriormente seguiram-se Black & Blue e Silvia, possivelmente um tema dedicado à Rainha Sílvia da Suécia.

O sucesso dos Miike Snow são mais um exemplo da confirmação de que está a surgir uma nova tendência musical, que poderá ditar o fim do reinado do hip-hop e do rap, dominantes na última década. Possivelmente a década de 2010 – 2019 ficará conotada com uma nova exploração da música electrónica, resultante da fusão do electrónico com sonoridades orgânicas, criando um ramo mais alternativo da música pop, afastando-se da instantaneidade comercial característica da pop.

A produção deste álbum é fenomenal e destaca-se sobretudo ao nível da sua sonoridade, que é extremamente diversificada, com uma multiplicidade de efeitos sonoros combinados em simultâneo, que garante a uniformidade, e que só são completamente apreendidos e desconstruídos através da sua escuta com bons auscultadores e depois de diversas repetições.

Todos os temas são excelentes, pelo que apenas destaco o meu preferido: Cult Logic, que por acaso foi o primeiro que ouvi e que me fez querer descobrir este álbum.

Resta dizer que os Miike Snow já estão confirmado para o Optimus Alive!10, no dia 10 de Julho.

Miike Snow - Miike Snow [2009]
(Nota: 8/10)

1.
Animal (****)
2. Burial (***)
3. Silvia (***)
4. Song for No One (****)
5. Black & Blue (****)
6. Sans Soleil (****)
7. A Horse Is Not a Home (***)
8. Cult Logic (*****)
9. Plastic Jungle (***)
10. In Search Of (****)
11. Faker (****)
12. Billie Holiday (***)

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De Girls Aloud a Cheryl Cole


Num mundo pop em que o descartável reina e a qualidade é muitas vezes duvidosa, estas cinco raparigas tiveram um início, embora promissor, de meter o pé atrás. Tanto que até há pouco dias eu pouco as conhecia. Não sou fã de programas caça-talentos nem os vejo. Mas estas raparigas britânicas, Sarah Harding, Cheryl Cole, Nadine Coyle, Nicola Roberts e Kimberley Walsh, foram as vencedoras do concurso Popstars: The Rivals criado para concorrer a #1 no Reino Unido na semana do Natal de 2002. O grupo foi chamado Girls Aloud [nós por cá tivemos as Nonstop]. O tema escolhido foi o Sound Of The Underground e assim é:



O tema foi um colossal sucesso e cumpriu o objectivo, foi #1 na semana mais competitiva do ano. Na maioria dos casos a história seria esta e ponto final. Mas não com as Girls Aloud. A canção foi escrita e produzida por Brian Higgins e a sua equipa Xenomania que começaram a alcançar aclamação e sucesso através das Sugababes. Brian conheceu o seu primeiro mega-êxito com Believe de Cher e mais tarde esta equipa teria a assinatura da sonoridade de artistas como Jem, Kylie Minogue, Pet Shop Boys, Sophie Ellis-Bextor, entre outros. Mas por agora, e depois do sucesso do álbum de estreia das Girls Aloud, foi-lhes dado o completo controlo do segundo projecto: What Will The Neighbours Say?


Lançado em 2004 o álbum e respectivos singles alcançaram novo sucesso conseguindo cimentar a carreira da banda no sempre difícil segundo álbum. Pela primeira vez as cinco partilham créditos em algumas das faixas do projecto. Love Machine ganhou-lhes aplausos por ser na altura diferente daquilo que reinava no mundo pop e assim é:



Foi com este trabalho que teve início a primeira digressão das raparigas com o mesmo nome do álbum. Mantendo-se sempre em território britânico, conseguiram esgotar todas as suas datas. Depois de uma breve paragem, as cinco começaram a trabalhar no terceiro projecto: Chemistry.

Novamente produzido totalmente por Brian Higgins e os Xenomania, este álbum ofereceu um novo sucesso às Girls Aloud em 2005. O single Biology foi um dos mais aclamados da carreira da banda considerado uma das melhores canções pop da década:



Após uma compilação que reuniu os seus maiores êxitos em 2006, no ano seguinte foi lançado o quarto álbum de originais intitulado Tangled Up.


Com uma componente mais pessoal o projecto provou ser um novo sucesso para as cinco raparigas e a sua equipa de produção. Tal como os restantes projectos, alcançou o disco de Platina no Reino Unido e Can't Speak French foi um dos singles [aqui ao vivo na digressão de apoio ao álbum]:



Tal como um relógio bem calibrado, foi logo no ano seguinte que surgiu o quinto e último álbum de originais das Girls Aloud. O seu nome: Out Of Control.


Alcançando a dupla-platina no Reino-Unido, este é um dos seus álbuns mais consistentes e a equipa de produção volta a dar cartadas na exploração de novos sons para a banda. Pela primeira vez desde que foram lançadas em 2002 um dos seus singles falhou o Top10 britânico conseguindo apenas o #11 [curiosamente elas também têm imensos exemplos de canções que falharam o lugar cimeiro... por um!]. Curiosamente também, essa é precisamente a faixa que mais gosto delas, chama-se Untouchable, é a mais longa das suas canções [quase sete minutos] e assim é ao vivo:



E é assim que chegamos a Cheryl Cole. Ignorando intrigas e histórias alheias à música, é em 2009 que é lançado o seu primeiro álbum a solo, 3 Words:


Desta vez trabalhando em parceria na maioria do projecto com will.i.am dos Black Eyed Peas, o primeiro single de apresentação, Fight For This Love, tornou-se no que mais rapidamente vendeu por terras britânicas nesse ano. A seguir foi lançado o tema título com este excelente vídeo:



Impossível não deixar referência ao tema Parachute. No final Cheryl vence com um álbum sólido e com canções bem trabalhadas e variadas, sendo a ela a quem cabe dar seguimento à música que as Girls Aloud deixaram quando se tornaram numa das bandas mais prolíferas da pop britânica da década passada.

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Ke$ha or Ca$h?

O que aconteceria se se desse uma fusão com os elementos Britney Spears, Avril Lavigne e Katy Perry? O resultado seria, e é, a Ke$ha.

Ke$ha tem apenas 23 anos, é americana, e está a arrasar os EUA com o seu primeiro single, hiper-dançante, TiK ToK. Os estragos estão a expandir-se um pouco por todo o mundo, incluindo a Europa, claro.

Ke$ha é irreverente, prima por um visual descuidado e afirma nas entrevistas que o aspecto “cool” do seu cabelo é conseguido com pouco banho e pouco pente. Outras das questões recorrentes que os jornalistas fazem a Ke$ha, prende-se com facto dela contar no seu site uma aventura que protagonizou ao entrar clandestinamente na casa de Prince, de quem se confessa fã. Ke$hsa terá subornado o jardineiro com uma nota de 5 dólares para entrar e deixou um CD na mesa da sala do Príncipe de Minneapolis, antes de ser apanhada pelos seguranças, na esperança que este produzisse o seu álbum.
Como não obteve resposta de Prince, Ke$ha acabou por ter como produtor do seu álbum Dr. Luke, conhecido por produzir trabalhos para Katy Perry, Britney Spears, Kelly Clarkson e Avril Lavigne, daí que não seja estranha a semelhança do som de Ke$ha com as restantes princesas do pop/rock.

O álbum de estreia de Ke$ha tem como título Animal e a sua sonoridade vai desde os ritmos de dança electrónicos e frenéticos de Kiss N Tell ao punk enérgico e cru de Party at a Rich Dude's House. As letras são construídas por Ke$ha a partir de pequenos episódios da sua curta vida, sobretudo conotados com a sua adolescência. Pelas letras percebemos que a sua vida de adolescente foi muito perversa, sendo as insinuações de cariz sexual constantes, em que tão depressa diz "you really should've kept it in your pants" como “just show me where your dick's at”.

Ke$ha nasceu em Los Angeles, mas passou a sua infância em Nashville, no Tennessee, depois da sua mãe, uma cantora punk-rock, ter conseguido um contrato como publicista num estúdio de gravação, pelo que Ke$ha desde muito tomou contacto com o mundo da música e acabou seguir essa área nos estudos. Os cantores de country Johnny Cash, Dolly Parton e Patsy Cline começaram por influenciar as suas preferências musicais. Como é óbvio, pela amostra dos dois singles extraídos do seu álbum - TiK ToK e Blah Blah Blah – Ke$ha seguiu um estilo musical bastante diferente do country.
Animal é um álbum interessante, contudo não julgo que acrescente algo de novo no mundo da música. Como disse no início, musicalmente Ke$ha é uma fusão de várias meninas da pop/rock e no estilo/visual aproxima-se de P!nk. Quando se escuta o tema Hungover lembramo-nos logo de Avril Lavigne e Take It Off leva-nos até Britney Spears.

Estou curioso para saber até onde conseguirá ir Ke$ha depois deste sucesso repentino, mas para já é garantido que este álbum estará para durar e que Ke$ha se desdobra em apresentações de todo o género, em discotecas e programas de televisão de todo o mundo, para o promover.

Ke$ha – Animal [2010]
Nota: 7/10

1. Your Love Is My Drug (****)
2. TiK ToK (*****)
3. Take It Off (****)
4. Kiss N Tell (***)
5. Stephen (***)
6. Blah Blah Blah featuring 3OH!3 (***)
7. Hungover (***)
8. Party At A Rich Dude's House (**)
9. Backstabber (***)
10. Blind (***)
11. Dinosaur (**)
12. Dancing With Tears In My Eyes (****)
13. Boots & Boys (***)
14. Animal (***)

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Empire of Down Under

Os Empire of the Sun são um duo australiano, composto por Luke Steele e Nick Littlemore, que em 2008 saíram no anonimato no seu país com a edição do tema Walking on a Dream, destacando-se sobretudo nas vendas de música digital. O próprio álbum, também intitulado Walking on a Dream, foi primeiro editado em Outubro de 2008 e depois fisicamente em Abril de 2009.

A música dos Empire of the Sun entra na categoria do novo electro-pop-dance deste novo milénio, acompanhando a tendência de bandas como os britânicos Friendly Fires e os americanos MGMT, que já por aqui apresentámos.

A carreira dos Empire of the Sun tem-se feito de pequenos passos, numa conquista moderada dos tops um pouco por todo o mundo. Até ao momento lançaram 4 excelentes singles - Walking on a Dream, We Are the People, Standing on the Shore e Without You -, que atestam a qualidade deste álbum com que se apresentam no mundo da música.

Contudo, o grupo viu-se envolto numa polémica, quando Donnie Sloan, baixista dos Sneaky Sound System, outra banda australiana de dance punk, procurou processar os Empire of the Sun por considerar que os temas We Are the People, Walking on a Dream, Half Mast e Without You tinham sido escritos por si para um álbum a solo em 2005, material que entregou em bruto a Nick Littlemore, para este remisturar

Donnie Sloan terá posteriormente chegado a um acordo com a banda, visto que o seu nome passou a fazer parte dos créditos do álbum de estreia dos Empire of the Sun. Curiosamente, três dos temas que eram considerados plágio por Donnie Sloan fizeram parte do lote dos 4 singles extraídos do álbum. Se os Empire of the Sun não tiverem pernas para solidificarem o seu êxito no próximo disco, talvez não seja uma má ideia contratarem Donnie Sloan para uma nova colaboração.

Julgo que a voz nasalada do vocalista Luke Steele e a forte aposta na imagem são duas das notas de destaque deste projecto. A voz de Luke Steele é rara e por vezes faz-nos parecer que é manobrada por sintetizadores e a capa do disco é extremamente apelativa, embora me recorde a capa de Mad Max, com Tina Turner e Mel Gibson.

Os Empire of the Sun já fazem parte do cartaz Super Bock Super Rock, que este ano se realiza no Meco, e a organização já disse que foi díficil agendar a presença da banda em Portugal, porque realiza poucos concertos, mas que visualmente o seu espectáculo é muito interessante. Espero que quem puder ir confirme isso mesmo.

Empire of the Sun - Walking on a Dream [2009]
Nota: 7/10

1. Standing on the Shore (****)
2. Walking on a Dream (*****)
3. Half Mast (****)
4. We Are the People (****)
5. Delta Bay (***)
6. Country (instrumental) (**)
7. World (***)
8. Swordfish Hotkiss Night (***)
9. Tiger by My Side (***)
10. Without You (****)

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This Girl Is a Monster

Lady Gaga foi sem dúvida a maior revelação da música pop de 2009. O seu álbum de estreia, intitulado The Fame, cujas primeiras impressões expressas aqui, classificou-se entre os mais vendidos do ano passado e Lady Gaga não quis perder a embalagem que levava, e antes de encerrar o ano ainda teve oportunidade de lançar um mini-álbum com 8 temas, que também integrou uma edição especial com The Fame, a que deu o nome de The Fame Monster.

Este mini-álbum Monster é um verdadeiro monstro a apoderar-se dos nossos frágeis ouvidos. Desta vez Lady Gaga produziu uma espécie de best of, visto que todo álbum poderia ser desmultiplicado em singles de sucesso. Trata-se de um álbum viciante do princípio ao fim, com vontade de colocar em “repeat, over and over”. No entanto, é oportuno esclarecer que se trata de um álbum de puro electro/pop/dance, em que as letras são implacáveis e os beats martelam os ouvidos com doçura que, à semelhança do que nos acontece com os doces, chega a um ponto em que vamos enjoar.

Bad Romance foi o primeiro tema a ser apresentado, que num instante monopolizou rádios e tv, e para o segundo foi escolhido Telephone, que conta com a participação de Beyoncé, formando-se aqui um receita explosiva. Quanto a mim, Monster é o melhor tema do álbum, apesar de que qualquer um deles tem potencial para numa única auscultação conquistar qualquer fã desta vertente pop.

É notório que Lady Gaga fez uma boa pesquisa para a criação destes 8 temas, recolhendo as melhores influências do pop/dance dos anos 90. O tema Alejandro é uma cópia descarada do ritmo e estrutura musical criada pelos suecos Ace of Base.

As letras foram escritas por Lady Gaga entre 2008 e 2009, no período em que promovia o álbum The Fame pelo mundo. Para a produção do disco pensou em grande, reunido uma paleta de produtores que contribuíram para temas de êxito de artistas como os Fatboy Slim, Enrique Iglesias, Ricky Martin, Beck, Britney Spears, Sugababes ou Jennifer Lopez.

Lady Gaga explicou que o conceito deste álbum partiu da sua obsessão por filmes com monstros e também da sua obsessão pela decadência das celebridades e do modo como a fama é um monstro na sociedade. Revelou ainda que os álbuns The Fame e The Fame Monster funcionam como opostos, em que um simboliza o Yin e o outro o Yang.

Entretanto, Lady Gaga já se preparou para a sua primeira grande digressão mundial a solo, que no início seria em conjunto com Kanye West, que se viu obrigado a abandonar o projecto, após a polémica que criou nos MTV American Music Awards, quando subiu ao palco para tirar o microfone das mãos de Taylor Swift e dizer que era Beyoncé que devia levar para casa o prémio de melhor vídeo feminino. Kanye West terminou por ser vítima da sua intempestividade e também do monstro da fama.

Talento e um excesso de extravagância é algo que não falta a Lady Gaga, que possui uma voz incrível e um dote especial para sair à rua nas roupas mais estrambólicas, que têm demonstrado ingredientes infalíveis na sua ascensão à fama. A própria Lady Gaga já afirmou que os lucros da sua carreira não chegam para os dispêndios que faz no seu guarda-roupa. Eu tenho algumas dúvidas que não sobre alguma coisita. Contudo, é de salientar que a história que se vende é a de que a Lady Gaga é uma das últimas e raras “self made artist” dos tempos que correm, em competição no mundo das música com artistas que se consagraram através de mega-produtoras ou programas de televisão de caça talentos.

Lady Gaga - The Fame Monster [2009]
(Nota: 8/10)


1. Bad Romance (****)
2. Alejandro (****)
3. Monster (*****)
4. Speechless (****)
5. Dance in the Dark (*****)
6. Telephone (feat. Beyoncé) (****)
7. So Happy I Could Die (*****)
8. Teeth (***)

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Alicia Keys: The Element Of Freedom


Alicia Augello Cook nasceu na colheita de 1981 (*cough*) em Nova Iorque. Criada pela mãe, frequentou com distinção escola de artes e, adoptando o nome Alicia Keys, conquistou o mundo R&B aos 20 anos com o lançamento do seu álbum de estreia, Songs In A Minor. Tornou-se assim o maior sucesso do ano no estilo, o que criou as maiores expectativas em relação ao sucessor. Este chamar-se-ia The Diary Of Alicia Keys que lhe consolidou o sucesso comercial, tal como três Grammy's que se juntavam aos cinco ganhos no seu debut.

Em 2007 Alicia lançou o seu terceiro álbum de originais: As I Am. Tendo como primeiro single No One este rapidamente se tornou num dos seus temas de maior sucesso e reconhecimento (provavelmente mais que a sua assinatura até então, Falling). E junta mais dois Grammy's acumulando assim um respeitável número: 10!


E é então que chegamos a The Element Of Freedom. Com 28 anos, Alicia parece ter afinado a sua melodias e prestações sempre apaixonantes. Não sabendo o caminho a tomar aquando do início das gravações, Alicia diz ter conseguido libertar-se e mostrar novos elementos de si mesma, quer através de novas experiências musicais (como um teclado vintage) ou o reconhecimento das suas vulnerabilidades que tentava esconder numa imagem iludida de força. O primeiro single de apresentação é este Doesn't Mean Anything:



Arrisco-me a dizer que este é, já, o meu álbum favorito de Alicia Keys. Com melodias complexas e trabalhadas unidas a uma voz com uma certa dose de rouquidão controlada, as suas canções transformam-se facilmente em grandes hinos épicos. Ou então em algo completamente diferente, num registo a fazer lembrar a produção de ritmos quebrados e sintetizadores de Prince em plena década de 1980 como no segundo tema escolhido, Try Sleeping With A Broken Heart:



Num mundo recheado de Boyle's e outros fantoches, é bom saber que alguns artistas ainda valem por si e que conseguem manter-se fieis aos seus padrões e mostrar o seu brilho. Alicia, sem esquecer o aspecto comercial de toda a industria, sabe o que faz e tem-no feito como muito poucos até agora. E este trabalho é um dos maiores equilíbrios que escutei nos últimos tempos, para escutar de uma ponta à outra e com forte destaque a Put It In A Love Song (feat. Beyoncé), Empire State Of Mind (Part II) e Pray For Forgiveness, todas brilhantes.

Deixem-se ir...

Alicia Keys - The Element Of Freedom (Deluxe Edition) [2009]
(Nota: 9/10)

"Element of Freedom (Intro)" - /
"Love Is Blind"– *****
"Doesn't Mean Anything" - *****
"Try Sleeping with a Broken Heart" - *****
"Wait Til You See My Smile" - *****
"That's How Strong My Love Is" - ****
"Un-thinkable (I'm Ready)" - *****
"Love Is My Disease" - *****
"Like the Sea" - ****
"Put It in a Love Song" feat. Beyoncé - *****
"This Bed" - ****
"Distance and Time" - ****
"How It Feels to Fly" - ****
"Empire State of Mind (Part II)" - *****
"Through It All" - *****
"Pray for Forgiveness" - *****

*xuac*

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Come To Life

A australiana Natalie Imbruglia está de volta às lides musicais com um novo álbum de originais intitulado Come To Life. A sua carreira musical começou há 12 anos com Left Of The Middle [1997], um disco que vendeu cerca de 6 milhões em todo o mundo e que foi catapultado para o sucesso através do tema Torn, que intensivamente passou nos canais de música e nas rádios. Natalie editou mais dois álbuns de originais neste espaço de tempo - White Lilies Island [2001] e Counting Down The Days [2005] - e uma colectânea - Glorious [2007] - composta pelos singles e vídeos que resumem a primeira década da sua carreira.

Apesar da excelente produção dos seus álbuns, Natalie Imbruglia não repetiu o sucesso que o primeiro álbum gerou à sua volta. Como nos álbuns anteriores, neste Come To Life Natalie Imbruglia volta a escrever as letras e procura testar novas contribuições, todas de luxo, como já tinha feito no passado. O álbum é produzido na sua maioria por Ben Hillier, que já deu forma a trabalhos dos Blur, Elbow ou Depeche Mode, mas também conta com a colaboração de Brian Eno numa das faixas. Os Coldplay também dão uma ajuda, e o seu estilo inconfundível no tema Fun. Natalie escreveu também em parceria com Chris Martin o tema Want, que é o single de apresentação do disco, e que tem estado a ter uma boa aceitação nas rádios.

É muito óbvio que com este álbum Natalie Imbruglia não tem qualquer pretensão em pertencer à realeza do pop. Ela parece contentar-se em disputar o top das cantoras mais sensuais da pop marginal e orgânica. Embora com uma voz mais madura, mas igualmente cristalina, este álbum não traz grandes novidades em relação aos anteriores. O registo continua a ser uma linha pop/rock menos convencional e pouco imediata, o que justificará a díficil permeabilidade dos seus temas nas rádios. Contudo, estes factos não passam de pormenores, porque estamos perante um álbum bem estruturado e amadurecido, na sua maioria com excelentes temas que foram construídos com uma satisfação pessoal e não com um intuito de mercantilista.

Quando comparado com os discos anteriores, este álbum assemelha-se mais ao trabalho de estreia de Natalie Imbruglia. Em Come To Life, o tema All The Roses faz-nos recordar o single Smoke [1998] e o tema rock WYUT remete-nos para Wishing I Was There [1998]. Contudo, julgo que este novo álbum acaba por reunir as melhores experiências dos anteriores, o que na minha opinião consagra Natalie Imbruglia como uma cantora única, em continua aprendizagem.
Enquanto se tarda em reconhecer o seu talento no mundo da música, Natalie Imbruglia não passa despercebida noutros campos. Ela começou profissionalmente como modelo e actriz de telenovelas e em 2004 ocupou o 6º lugar no top das mulheres naturalmente mais belas de todos os tempos, numa lista liderada por actriz Audrey Hepburn.

Se a sua beleza é incontestável numa mera observação, já a sua música leva mais algum tempo a descobrir, mas Come To Life é mais uma boa experiência na carreira de Natalie Imbruglia e também para quem ouve. Wild About It foi apresentado em Agosto apenas em vídeo, a primeira edição single foi de Want. O álbum já está à venda em alguns países, mas noutros foi adiado para Fevereiro, como no caso do Reino Unido. A primeira data de edição foi programada para 2007 (!) e talvez por essa razão tenha recebido o título de Come To Life!

Natalie Imbruglia - Come To Life [2009]
(Nota: 7/10)

01. My God (***)
02. Lukas (****)
03. Fun (****)
04. Twenty (****)
05. Scars (****)
06. Want (****)
07. WYUT (***)
08. Cameo (***)
09. All The Roses (*****)
10. Wild About It (****)

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He's Sliimy. So what?

Sliimy é o nome da minha última descoberta musical. Há já dois meses que tenho ouvido repetidamente o álbum de estreia deste jovem francês de 20 anos, intitulado Paint Your Face, e que musicalmente é o casamento perfeito entre Mika e Lily Allen.

Embora o seu verdadeiro nome seja Yanis Sahraoui, a adopção de Sliimy como nome artístico compreende-se pelo facto de ser essa a sua melhor definição física e de ser realmente essa a sua alcunha de adolescente, a par da de esparguete, devido a ser extremamente magro, mesmo anoréxico. E é com essas características que Sliimy por vezes brinca nas letras das suas canções. Outra das suas características, não menos importante, sobretudo para o meio artístico em que se move, é o facto de Sliimy ser assumidamente homossexual e transportar também essa condição para a sua música, estando presente nas letras, mas também em toda a sua imagem, assumida de uma forma natural, eu pelo menos julgo que não é forçada, mas que coincide com determinados estereótipos.

Sliimy tornou-se conhecido por uma versão de Womanizer de Britney Spears que lançou no Youtube, que quanto a mim é muito mais apelativa que a original, à semelhança do vídeo. Um produtor decidiu apostar no seu talento e Sliimy fez parceria com Feed, um jovem produtor, multi-instrumentista e também seu amigo pessoal. E, num piscar de olhos, Sliimy já estava a ser convidado para fazer a primeira parte dos espectáculos de Britney Spears e Katy Perry na Europa.

O seu primeiro contacto com a música foi dirigido pela sua mãe, que lhe deu a conhecer a música de Michael Jackson, Madonna e dos Bee Gees. A sua progenitora viria a falecer quando Sliimy tinha apenas 7 anos e, segundo ele, a música tornou-se a sua melhor amiga e um elemento vital no seu crescimento e sobrevivência, à qual se dedicou e com a qual aprendeu bastante.

Actualmente as suas preferências musicais vão para Lily Allen and Kate Nash, e em Paint Your Face mistura um pouco do velho e do novo, para chegar a uma criação muito pessoal, que vai desde as baladas mornas a um exuberante pop-funk enérgico. O único senão no seu trabalho é a pronúncia inglesa, que por vezes nos faz perder a percepção da letra.

Wake Up foi o single de apresentação, com uma melodia extremamente lúdica e colorida, que foi muito bem transportada para o vídeo, e alcançou o 2º lugar do top francês. Paint Your Face será o segundo single a ser retirado deste álbum de apresentação e Sliimy encontra-se actualmente a gravar o vídeo, que se espera que seja tão original quanto os anteriores.

Contudo, apesar do talento ser evidente no álbum Paint Your Face, a colheita dos frutos tem sido díficil, pelo menos ao nível de uma projecção massificada de Sliimy. A sua fama tem sido gradual, embora nos EUA Sliimy tenha contado com a protecção do famoso colunista de mexericos cor-de-rosa na internet Perez Hitlon, que o contratou para a sua recém-criada editora discográfica Perezcious.

Já vi algumas apresentações ao vivo Sliimy e não restam dúvidas que tem presença em palco, que a afinação é brilhante, e que chega mesmo a provocar arrepios nalgumas gravações caseiras que fez para o Youtube dos diversos temas que integram este álbum. Os próximos lançamentos e acções de promoção deste álbum poderão consolidar o nome de Sliimy como novo artista à escala internacional ou então, se não forem bem sucedidas, colocar um ponto final numa fugaz carreira musical.

Sliimy - Paint Your Face [2009]
(Nota: 8/10)


1. Wake Up (****)
2. Magic Game (****)
3. Our Generation (***)
4. Every Time (****)
5. Paint Your Face (****)
6. Baby (****)
7. Trust Me (****)
8. Mum (****)
9. I'm Waiting For (*****)
10. Tic Tac (***)
11. My God (***)
12. See You Again (*****)
13. Womanizer (****)

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Rihanna - Rated R


Rihanna (Robyn Rihanna Fenty), nascida em Barbados, começou a dar nas vistas um pouco por todo o mundo em 2006 com o lançamento do seu segundo álbum, A Girl Like Me. Com apenas 18 anos na altura, os singles SOS e Unfaithful projectaram-na para um mundo de temperos pop, reggae e r'n'b.

Mas foi com o seu terceiro projecto, Good Girl Gone Bad [2007], que ela se tornou num fenómeno mundial e Umbrella e Don't Stop The Music se tornaram os maiores sucessos desse ano e elevaram a carreira de Rihanna ao nível que ela tanto desejou quando se mudou para os Estados Unidos aos 16 anos de idade.


Embora gostasse de algumas das suas canções, confesso nunca lhe ter dado valor como artista. Aliás, ainda hoje não sei se lhe dou todo o mérito devido. Parece-me uma artista de estúdio, o que não é necessariamente mau, apenas incompleto. No entanto, o que faz tem tido sempre apontamentos de qualidade, basta escutar por exemplo a faixa-título do seu álbum: Good Girl Gone Bad.

Deu-se então uma das maiores reviravoltas na carreira de uma jovem artista. Num mundo de blogues de vedetas e paparazzis, Rihanna foi brutalmente agredida pelo namorado Chris Brown em Fevereiro deste ano. E o mundo assistiu à exploração mais fria do tema. Com a fotografia (da polícia) de uma Rihanna desfigurada e inchada ampla e gratuitamente divulgada. E aí Rihanna fez algo que não esperei. Desapareceu. Seguiram-se semanas até ela surgir em público novamente. Após alguns meses de lutas pessoais e idas a julgamento do ex-namorado que se deu por culpado, apanhou 5 anos de prisão de pena suspensa e está proibido de se aproximar de Rihanna, surge este álbum, Rated R [hoje à venda]. E é basicamente o resultado de uma introspecção e uma partilha de emoções e experiências necessariamente obscuras e longe dos temas de dança que ela nos habituou nos últimos anos. Russian Roulette, o primeiro single, é disso exemplo.


A faixa de abertura apresenta-nos o estado de espírito de todo o álbum, sem renunciar o seu trabalho anterior de ritmos ásperos, Rihanna entra numa viagem de exploração e confronto dos seus medos mais obscuros (Stupid In Love) e na busca da libertação dos mesmos, concretizada (?) com The Last Song. Nunca se aproximando sequer dos seus temas mais pop dançáveis, Rihanna arrisca assim um álbum mais difícil que o seu mega-sucesso Good Girl Gone Bad, mas, acima de tudo, mostra-nos uma evolução que nem todas os artistas da sua estatura decidem expor. E a coerência que o projecto apresenta só a pode valorizar como tal. Com maior incidência nas guitarras (Fire Bomb), sente-se a necessidade de explorar novos terrenos para além dos já testados e onde foram colhidos os maiores sucessos. Se de início estive quase a eliminá-lo da minha biblioteca de música após primeira audição (talvez influenciado por algumas críticas negativas, ou simplesmente por uma opinião pré-formada), a verdade é que este álbum cresceu imenso depois de várias audições mais cuidadosas. A reter.

Rihanna - Rated R [2009]
(nota: 8/10)

Mad House - ****
Wait Your Turn - ****
Hard - ****
Stupid In Love - *****
Rockstar 101 - *****
Russian Roulette - ****
Fire Bomb - *****
Rude Boy - ***
Photographs - ****
G4L - ***
Te Amo - *****
Cold Case Love - ****
The Last Song - *****

*xuac*

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Friendly Energy Music

Friendly Fires são uma banda dance-punk britânica que me tem arrasado a cabeça nas últimas semanas. Um dia ouvi uma música do grupo, já não sei aonde, e como gostei apontei o nome para ir em busca da sua música. Encontrei o álbum de estreia da banda, com título homónimo, editado em 2008 e re-editado em 2009, que ouvi vezes sem conta.

Os membros dos Friendly Fires começaram desde muito cedo uma aventura musical em conjunto, com apenas 14 anos. Mas só depois da fase universitária, em 2006, é que a definitiva formação Friendly Fires tomou consistência.

O grupo assume como influências na sua música a corrente tecno da editora germânica Kompakt, assim como Carl Craig e Prince. Na verdade, eu só conheço a música do Prince e não a reconheço em Friendly Fires.

Neste disco de estreia, assinado pela XL Recordings, os Friendly Fires integram três temas – Photobooth, On Board e Strobe - que já tinham feito parte de 3 EP’s que lançaram entre 2006 e 2007, e que usaram como rampa de lançamento da sua carreira. Ainda antes da edição do álbum o grupo editou o single Paris, um dos meus temas favoritos deste disco de estreia.


A notoriedade dos Friendly Fires construiu-se sobretudo com a utilização de alguns dos primeiros temas como banda sonora de publicidade ou séries de televisão. O tema On Board foi usado nos EUA para a Nintendo Wii Fit e no jogo Gran Turismo 5 para a PlayStation 3, e White Diamonds foi incluído num dos episódios da série televisiva Gossip Girl.

As vendas no Reino Unido garantiram aos Friendly Fires o disco de ouro e no passado mês de Outubro passaram pelo britânico Channel 4, para uma participação no Live From Abbey Road, um programa que será mítico dentro de uns anos, à semelhança do que foi o Unplugged da MTV.


Quanto à sua sonoridade, a música de Friendly Fires é uma lufada de ar fresco sobre a música pop/rock, combinando extraordinariamente bem uma multiplicidade de sons com uma lírica pop suave e descomplexada, que transforma este álbum numa incrível banda sonora, contagiante do princípio ao fim. A produção do álbum conta com a participação de Paul Epworth nos temas Jump in the Pool e Skeleton Boy, que já produziu trabalhos para os Primal Scream, Sam Sparro, Kate Nash e Bloc Party, e talvez seja mesmo a influência dos Bloc Party que sobressai nesta produção para os Friendly Fires.

Os Friendly Fires não querem perder a embalagem que a sua carreira está a ganhar, e já estão a preparar um novo álbum, com edição prevista para Maio de 2010. O próximo álbum ditará se o grupo conseguirá definitivamente ascender ao topo ou se volta a ficar por este meio caminho.

Friendly Fires - Friendly Fires
(Nota: 8/10)


1. Jump in the Pool (*****)
2. In the Hospital (****)
3. Paris (****)
4. White Diamonds (****)
5. Strobe (****)
6. On Board (****)
7. Lovesick (****)
8. Skeleton Boy (****)
9. Photobooth (***)
10. Ex Lover (***)

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Mika Part II - The Boy Who Knew Too Much

Em Janeiro de 2007 apresentámos aqui o fresquinho Life in Cartoon Motion, o álbum de apresentação de Mika, um jovem libanês que aos 5 anos foi viver para Paris e daí para Londres aos 9. Esta estreia prometia dar que falar e o XuacXuac, através do PJ, deu o seu voto positivo a este projecto e ao talento de Mika, que se tornou na sensação musical de 2007 um pouco por todo o mundo, mas em especial na Europa.

Life in Cartoon Motion vendeu quase 3 milhões de cópias e Mika percorreu o mundo a promover o álbum, concentrando os concertos na Europa e nos EUA. No passado mês de Setembro Mika apresentou The Boy Who Knew Too Much, o seu segundo álbum de estúdio, e já anda numa roda-viva a promovê-lo, percorrendo tudo o que são programas de TV. A última presença foi no prestigiado David Letterman Show, em Nova Iorque. Facilmente nos é possível acompanhar o itinerário da promoção do álbum através do quadro do twitter, publicado na página de internet oficial do cantor.

The Boy Who Knew Too Much foi produzido por Mika e por Greg Wells, tal como tinha acontecido no álbum anterior. O resultado da repetição desta dupla na produção do álbum resultou, na minha opinião, na criação de um Life in Cartoon Motion parte II. Geralmente há sempre uma grande expectativa por parte do público e da crítica, relativamente ao segundo trabalho de um artista que teve um enorme sucesso com o álbum de estreia, que é o caso de Mika. Se por um lado a sensação de repetição num segundo álbum pode agradar aos fãs mais acérrimos, por outro lado a crítica, a continuidade do apoio de um público mais exigente e a captação de novos públicos pode ficar comprometida.

We Are Golden, o tema de apresentação do álbum, que foi anunciado primeiramente como sendo o título do novo álbum, remete-nos para a montanha russa musical de Grace Kelly, que foi o tema de apresentação de Life in Cartoon Motion. Mas as semelhanças entre os dois álbuns não ficam por aqui. Há um tema novo intitulado Good Gone Girl que nos recorda Big Girl (You Are Beautiful) e outro intitulado Rain que pode ser comparado com Relax (Take It Easy).

Contudo, as semelhanças entre os dois álbuns não parece ter sido uma distracção ou mesmo falta na criatividade. Na verdade, a intenção de Mika foi de que este segundo álbum fosse uma continuação do primeiro álbum. Ele explicou que Life in Cartoon Motion lidava com o seu universo colorido da infância e que The Boy Who Knew Too Much é uma passagem pelo universo da sua adolescência.

Naturalmente, voltam também a estar presentes neste álbum as semelhanças no registo vocal entre Mika e Freddy Mercury, uma evidência que foi muito enfatizada pela crítica quando ouviu Life in Cartoon Motion. Ainda assim, há algumas novidades a registar, sendo a mais interessante o tema Blue Eyes, que tem uma melodia latina por base e que nos remete para alguns trabalhos Paul Simon.

O álbum tem influências do pop britânico dos anos 70 e 80, sendo fácil distinguir a influência da vertente pop dos Beatles em Dr. John ou dos Queen em Lover Boy. A minha preferência vai para os temas mais calmos, mais concretamente I See You e By the Time, que dão o único colorido novo ao trabalho de Mika.

Resta dizer que Mika regressa a Portugal a 16 de Abril para a apresentação deste The Boy Who Knew Too Much no Campo Pequeno.

The Boy Who Knew Too Much (2009)
Nota: 6/10


1. We Are Golden (****)
2. Blame It On The Girls (***)
3. Rain (****)
4. Dr John (***)
5. I See You (****)
6. Blue Eyes (***)
7. Good Gone Girl (***)
8. Touches You (**)
9. By The Time (****)
10. One Foot Boy (***)
11. Toy Boy (**)
12. Pick Up Off The Floor (***)
13. Lover Boy (bonus track) (***)

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Madonna: Celebração da Voz


É possível a partir da semana passada escutar em lançamento oficial uma das vozes que têm sido a banda sonora das últimas três décadas: a de Madonna. Com Celebration, entramos numa viagem onde a mundo da música, das polémicas, dos paparazzi e dos concertos mudou ao som da sua ambição, da sua força, mas também, e porque muitas vezes é considerada secundária, a sua voz. Não é apenas na imagem e na atitude que Madonna se transfigura com cada projecto, a sua voz é também ela alvo de reinvenção. E isso é altamente notado nesta compilação. Foi assim que começou a sua carreira a solo, em 1982, depois de vários anos em bandas punk-rock como baterista(!), guitarrista e só por fim como vocalista, a cantar pela primeira vez Everybody:



Com o sucesso crescente nas pistas de dança a cargo de Holiday, a popularidade da sua voz começou a ser notada pelo público em geral com Borderline, o seu primeiro Top10 nos EUA, que se fixou na sua imagem rebelde, poderosa e sexual. A voz, essa, deixou-se levar ao extremo em 1984 e foi comparada a uma Minnie Mouse on helium em temas como Like A Virgin e Material Girl. Já nos concertos da Like A Virgin Tour assim era com Dress You Up:



Quando a crítica em geral jurava a pés juntos que Madonna não passava do flavour of the month e que a sua suposta falta de talento iria fazê-la sucumbir, a sua voz abrilhantou-se das melhores melodias pop que o mundo já conheceu com o álbum True Blue de 1986. Com um registo mais maduro apresenta Live To Tell e os contagiantes Papa Don't Preach, La Isla Bonita e este Open Your Heart:


Depois do sucesso da Who's That Girl Tour, foi em 1989 que Madonna conseguiu pela primeira vez ganhar a aclamação crítica e numa das transformações mais geniais do mundo da música, a sua voz cristalina dá-nos a conhecer, lado-a-lado com a polémica constante, Like A Prayer:


Depois de Express Yourself e do singelo Cherish, Madonna iria levar mais uma vez a sua voz a mundos alternos nunca antes pisados por uma artista deste calibre. Se primeiro inspirou-se nas décadas de 1940 e 1950 para um álbum que nos ofereceu o épico Vogue. Já a seguir a palavra-chave foi só uma: sexo. Rodeada de gemidos sensuais, suspiros provocantes e sussurros ofegantes, a sua voz leva-nos a fantasias proibidas e beijos voluptuosos em Justify My Love de 1990. Sem nunca esquecer as melodias, a sua voz explora por completo esse submundo num dos álbuns mais odiados da história, Erotica de 1992:



Pese embora a polémica, os protestos da altura e o insucesso relativo, este álbum é hoje considerado um dos marcos da década de 1990. A sua voz seguiu caminho. E começou a explorar pela primeira vez o som da electrónica e do R'n'B em 1994 no álbum que nos trouxe Secret:


Take A Bow do mesmo projecto conseguiu ser o mais prolongado número 1 nas tabelas dos EUA (sete semanas). Depois de vários anos afastada dos álbuns de originais, a sua voz ganhou experiências que a levaram a patamares nunca alcançados, com treinos e projectos que a levaram ao limite. Após essa espera muitos julgaram que Madonna nunca mais viria a ter a influencia que teve na primeira década da sua carreira. Mais uma vez, ela enganou-os a todos. Em 1998 é lançado o que é hoje considerado o seu melhor trabalho. Irreconhecível, a sua voz embelezou-se de uma produção electrónica sublime que inspirou todo o mundo pop nos anos que se seguiram. E tudo começou com Frozen:



Ray Of Light conseguiu assim tornar-se um dos seus maiores e aclamados sucessos. Com uma passagem descontraída por Beautiful Stranger, a sua voz iria ter uma das maiores reviravoltas de toda a sua carreira em 2000 com o uso do vocoder no hino Music:


Transfigurada a voz, esta passeou-se por mundos paralelos à pop e apresentou-os a todos nós. Don't Tell Me e Die Another Day cimentaram o seu novo estilo de inspiração alternativa, sem nunca esquecer, as melodias que lhe correm no sangue [ou direi antes na voz] desde o seu início. Em 2003 Madonna abre uma nova etapa do seu trabalho. Levando à co-produção francesa o tema da fama e da guerra política em termos visuais. Hollywood assim é:



No mesmo ano em que teve início a segunda guerra no Iraque, Madonna foi crucificada nos EUA e viu-se pela primeira vez na sua carreira obrigada a retirar o seu vídeo do primeiro single depois de várias ameaças. Tanto a canção como o vídeo não constam de Celebration. E Madonna seguiu. E a sua voz também. E ambas provaram ao mundo mais uma vez o poder de reinvenção. Inspiradas na disco da década de 1970, trouxeram ao mundo um dos seus maiores sucessos, Hung Up:


O sucesso prolongou-se com Sorry mas Madonna não se ficou por aí. Depois de uma das digressões de maior sucesso na história com a Confessions Tour, a voz procurou recuperar antigas sonoridades modernizando-as aos tempos actuais com inspiração R'n'B e pop de 1980. Apesar da atenção dada às suas colaborações em 4 Minutes, Madonna cimenta a sua voz em melodias que podiam muito bem ter estado nos primeiros álbuns. Miles Away surge em Celebration de forma algo inesperada dado que não é considerado no ocidente um tema-chave do vastíssimo reportório de Madonna. No entanto, após a canção ter sido usada no genérico da série mais vista no Japão no ano passado, esta tornou-se um clássico por terras asiáticas. Curiosamente, e pese o relativo desconhecimento da faixa, foi também um dos momentos altos da Sticky & Sweet Tour aqui bem representada:



Celebration surge-nos em vários formatos. Versão 1 e 2 CD's (18 e 38 faixas, respectivamente) e versão DVD com a quase totalidade dos seus emblemáticos vídeos. É de notar que até a versão de Celebration de duplo-disco deixa alguns clássicos para trás, em especial as baladas de Madonna, dado que a atenção foi dada quase exclusivamente aos temas mais energéticos do seu catálogo. Um dia talvez surja um best-of triplo com todos os hit singles. Até lá podemos unir este Celebration com Something To Remember, a compilação das suas baladas até meados da década de 1990 e onde se nota também o percurso que esta voz (limitada, dizem alguns) tomou.

É raro surgirem artistas com este nível de qualidade, sucesso, inteligência, entrega e projecção. Há tão poucos, que me arrisco a dizer que todos seriam contados pelos dedos de uma única mão. E Madonna, essa, será certamente o do meio!

*xuac*

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